A abertura teve o apresentador Edmundo Oran chegando no módulo aéreo em forma de arara azul, acompanhado pelo levantador de toadas Patrick Araújo, bailarinos e representantes de povos originários. O amo do boi, Caetano Medeiros, começou sua cantoria no meio da plateia, exaltando a trajetória do boi preto e desafiando o rival com versos afiados.
O destaque da noite do Boi Caprichoso ficou para o apoteótico Ritual Indígena Tupinambá de concepção alegórica do artista Jucelino Ribeiro e equipe e concepção musical de Ronaldo Barbosa e Ronaldo Barbosa Júnior. Com uma apresentação compacta e envolvente, o atual tri-campeão teve pequenos problemas na Lenda Amazônica que emperrou a movimentação da escultura central de Yurupari, que logo foi corrigida e na questão do tempo de apresentação, sendo necessário apertar o passo ao final do Ritual Indígena e apresentação do Pajé.

Um dos momentos mais marcantes foi a representação da lenda de Yurupari, que revisitou a figura ancestral indígena, libertando-a da visão distorcida imposta pelos colonizadores. A alegoria, que chegou a 40 metros de altura, surpreendeu ao se transformar em pleno ar, revelando a cunhã-poranga Marciele Munduruku em uma lua iluminada.






O espetáculo também destacou a Revolução Maracá, celebrando o festival como território sagrado de resistência espiritual e cultural. Os tambores ecoaram como um chamado aos povos originários, reforçando a mensagem de luta pelo Bem-Viver. Três indígenas das etnias Borari e Baré protagonizaram uma dança cerimonial, enquanto Patrick Araújo emocionou com a toada “Amazônia, nossa luta em poesia”, cantada em coro pela torcida.



A homenagem às Majés, as Senhoras da Cura, enalteceu o conhecimento ancestral das mulheres amazônicas, guardiãs da medicina tradicional e das histórias da floresta. A Rainha do Folclore, Cleise Simas, brilhou em meio à alegoria, e a Sinhazinha da Fazenda, Valentina Cid, encantou com um bailado harmonioso ao lado do touro negro.






Outro destaque foi a coreografia Raízes da Luta: Ancestralidade Yanomami, que trouxe o Mothokari, o Sol-Onça, simbolizando o fogo sagrado e a resistência contra o garimpo, tema abordado por Davi Kopenawa em “A Queda do Céu”. O Módulo Alegórico trouxe a Porta Estandarte Marcela Marialva.



O encerramento teve o Ritual Tupinambá, uma poderosa retomada da história indígena, contada pelos próprios Tupinambás. O Manto Azul, representado como um ser ancestral, foi apresentado em um momento histórico, fechando a noite com o pajé Erick Beltrão personificando um guerreiro tupinambá entre tambores e cantos.



Com uma apresentação compacta e envolvente, o Boi Caprichoso encerrou a 1º noite de apresentações proclamando o triunfo de seu povo por meio da sua cultura planta, nascida e sustentada no meio da Amazônia brasileira. Lutas compartilhadas afagando as almas batalhadoras. Raízes de uma brincadeira que cresceu e tomou conta desse país.


