O 58º Festival de Parintins continua com a 2º noite de apresentações. Veja e entenda o projeto de arena que Garantido e Caprichoso apresentarão hoje.

O 58º Festival de Parintins continua com a 2º noite de apresentações. Veja e entenda o projeto de arena que Garantido e Caprichoso apresentarão hoje.

Segunda noite do 58º Festival Folclórico de Parintins ocorre hoje, a partir das 21hrs no horário de Brasília, através do canal no YouTube da TV A Crítica (https://www.youtube.com/@tvacr%C3%ADtica).

Programação – TV A Crítica – Parintins 2025

PROJETO – BOI BUMBÁ CAPRICHOSO – 2º NOITE DO FESTIVAL DE PARINTINS 2025

“O tema escolhido é um manifesto da cultura popular em prol da vida no planeta. É um chamado para resgatar práticas antigas e curativas que garantam a continuidade da humanidade”, explicou o presidente do Conselho de Arte, Ericky Nakanome.

O espetáculo será dividido em três atos, com títulos em línguas indígenas: Amyinpaguana: Retomada pelas Lutas (1ª noite); Kizomba: Retomada pela Tradição (2ª noite); Kaá-eté: Retomada pela Vida (3ª noite).

Kizomba: Retomada pela Tradição (2ª Noite)

Na segunda noite do Festival de Parintins 2025, o Boi Caprichoso, símbolo da cultura negra amazônica, reafirma suas raízes africanas e denuncia o apagamento histórico do povo negro na região. Com tradições quilombolas e referências a orixás, celebra a resistência contra o racismo e a colonização. Sua apresentação exalta a luta contra o embranquecimento e a eugenia, reivindicando o protagonismo negro na formação cultural de Parintins.

Abrindo seu espetáculo, o Caprichoso trará como Figura Típica Regional “Marandoeiros e Marandoeiras da Amazônia” com a concepção alegórica dos artistas Márcio Gonçalves e Nildo Costa e equipe e concepção musical de Ralrison Nascimento, Moisés Colares e Marcos Moura com a toada “Poranduba”.

A contação de histórias é ato de resistência e retomada na Amazônia, onde memória não é passado, mas caminho vivo. Pela oralidade, saberes ancestrais são preservados, conectando gerações e fortalecendo a identidade cultural. Nas vozes dos mais velhos, o povo reafirma seu pertencimento à floresta e seus encantos.

Em seguida, será apresentado como Lenda Amazônica “Sacaca Merandolino: O Encantado de Arapiuns”, com a concepção alegórica do artista Alex Salvador e equipe e concepção musical de Geovane Bastos com a toada “Encantaria Arapiuns”.

Na Amazônia, encantados são forças sobrenaturais que habitam e protegem territórios sagrados, manifestando-se por meio de pajés ou sacacas. Um deles é Merandolino, espírito em forma de cobra que guarda o rio Arapiuns e a praia do Torono. Sua presença mística fortalece a luta dos povos em retomada, reafirmando identidade e ancestralidade. A “Terra Indígena Cobra Grande” é símbolo dessa resistência contra o apagamento cultural.

Encerrando a noite, o Caprichoso apresenta como Ritual Indígena o “Musudi Munduruku – A Retomada dos Espíritos”, com a concepção alegórica do artista Kennedy Prata e equipe e concepção musical de Ronaldo Barbosa e Ronaldo Barbosa Júnior com a toada “Itigãs – Retomada dos Espíritos”.

Nesta noite, o Caprichoso dá voz à luta dos Munduruku pela retomada espiritual e territorial, após a violação de suas urnas funerárias com a construção da hidrelétrica Teles Pires. As guerreiras Wakoborun marcham pela restituição dos restos de seus ancestrais, levados sem permissão para um museu. Os pajés denunciam o desequilíbrio do mundo diante dessa profanação. É tempo de guerra, de retomada e de reconexão com o sagrado.

PROJETO – BOI BUMBÁ GARANTIDO – 2º NOITE DO FESTIVAL DE PARINTINS 2025

“O tema ‘Boi do Povo, Boi do Povão’ celebra a essência e a profunda conexão do Garantido com as raízes culturais de Parintins, da Amazônia e do Brasil, exaltando a trajetória de um boi que nasceu na Baixa da Xanda, territorialidade quilombola afro-indígena que se formou na periferia de Parintins no final do século XIX, comunidade que tem o no Boi Garantido seu elo indenitário maior, um patrimônio cultural símbolo de tradição e resistência do seu povo e de todos os povos desta nação.

O espetáculo será dividido em três atos, com títulos: Ecoar das Vozes da Floresta (1ª noite); Garantido, Patrimônio do Povo (2ª noite); Garantido, O Boi do Brasil (3ª noite).

Garantido, Patrimônio do Povo (2º Noite)

O Boi Bumbá Garantido nasceu da genialidade de um homem do povo, o Mestre afro-indígena Lindolfo Monteverde. O Garantido é o símbolo maior da identidade do povo criativo e de luta da comunidade da Baixa que da Xanda e de São José, onde negros e indígenas fincaram trincheiras de resistência contra todos os preconceitos. É o Boi do Povão que tem em São Benedito sua proteção, que faz festa para Santo Antônio, São Pedro e São João. Boi de trabalhadoras e trabalhadores pescadores, juteiros, tacacazeiras, carpinteiros, professoras, rezadeiras, gente de fé na vida e pés no chão que faz do seu cotidiano a cultura perreché do Boi campeão.

O Garantido abre seu espetáculo com a Celebração Folclórica “Terra Brasileira” com a concepção alegórica de Agnaldo e equipe e concepção musical de Helen Veras Filho, Diogo de Aguiar e Murad Aziz com a toada “Terra Brasileira”.

Nessa Celebração, o Garantido integra o vasto conjunto de bens culturais do nosso Brasil. Nosso patrimônio cultural é rico: são saberes e fazeres, celebrações e expressões artísticas das mais diferentes matrizes populares, indígenas e afro-brasileiras, presentes em todos os cantos deste país. O fandango se estende de São Paulo ao Rio Grande do Sul. No Pantanal, a viola de cocho. Reisados e Embaixadas por Minas Gerais e Goiás. As Cavalhadas de Pirenópolis. O carro de boi por todo interiorzão. O Nordeste dos Frevos e Maracatu. O Samba da Bahia e do Rio de Janeiro. A beleza sem igual das Bonecas Karajás. O Boi Garantido exalta nessa grande celebração: Patrimônios do Brasil.

Em seguida, será apresentado a Lenda Amazônica “A Lendária Epopeia de Tamapú”, com concepção alegórica de Luiz Sampaio e equipe e concepção musical de Adriano Aguiar e Vanessa Aguiar com a toada “A Lendária Epopeia de Tamapú”.

Na era pré-colombiana, tempo da formação de impérios e grandes cacicados, quando humanos e animais se falavam, quando natureza e cultura se entrelaçavam em amores e lutas, o guerreiro Tamapú se apaixonou pela princesa do Palácio dos Ossos, a mulher ave de rapina com corpo plumado, a filha do rei do império dos urubus. Esse amor será levado à prova. O Urubu Rei submeterá camirangas, carcarás, aranhas e formigas gigantes, só assim poderá se casar com a princesa. O amor superará a dor. Da paixão vem a coragem e força que faz o guerreiro derrotar os gigantes do temido reino dos urubus. A princesa se despede da plumagem, se torna uma bela cunhã, a Cunhaporanga que com Tamapú viverá!

Na Figura Típica Regional será apresentado “Tacacazeiras da Baixa” de concepção alegórica de Wendel Miranda e equipe e concepção musical de Demetrios Haidos, Geandro Pantoja, Vanilson Oliveira e Cíntia Mesquita, com a toada “Tacacazeiras”.

A criação do tacacá é atribuída às raízes culinárias indígenas. Indícios apontam que o prato é uma variação da mani poi, uma sopa que era consumida pelos povos originários do Brasil muito antes da chegada dos europeus na região. Seu preparo e consumo continuam sendo preservados de forma autêntica pelos habitantes da região, que mantêm viva a tradição ancestral. A mandioca brava, um ingrediente fundamental na elaboração do tacacá, é um símbolo de grande relevância no Brasil. É vendido em barracas nas ruas, praças, arraiás e feiras de Parintins, o tacacá não é apenas uma iguaria local, mas um símbolo de pertencimento e resistência cultural. As tacacazeiras são responsáveis por preserva e transmitir essa tradição, muitas vezes herdada de suas mães e avós.

Fechando a 2º noite de apresentação do Boi Garantido, será apresentado do Ritual Indígena “Ritual Ajié” de concepção alegórica do artista Oséas Bentes e equipe e concepção musical de Demetrios Haidos, Geandro Matos, Nazira Marques e Antônio Silva, com a toada “Ajiê”.

Na cosmovisão Madija Kulina, existem os mundos da terra e da água, o submundo e o mundo superior. Tocorimes são espíritos, seres não humanos habitantes destes universos. O Ritual Ajié é a grande festa anunciada, rica e farta de comida, bebida, música, dança e alegria. Chegam Madija Kulina dos rios Jutaí, Purus, Juruá e os parentes Kanamari, Katukina e Kaxinawá. Quando maracá, jojori e torori espalham seu som pelo ár, é sinal que o Ajié vai começar. Tinturas de urucum e jenipapo lhes darão aparência de onça. O rapé e a ayahuasca os levarão a patamares sobrenaturais. Cantos evocam tocorimes dos vários mundos. O urutal é mal presságio. A confraternização se fragmenta, a festividade alegre se torna tensa, os conflitos espirituais aflora, o temor se espalha, a guerra é iminente. Somente a grande força do Tocorime Onça poderá apaziguar e trazer a alegria de viver aos Madija!

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